segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Modelos Matemáticos das Escalas AVCH



As escalas de hemorragia intracerebral espontânea visam o entendimento fisiopatológico da doença, determinando a mortalidade e dependência funcional. Modelos matemáticos utilizando regressão logística identificam variáveis clínicas e tomográficas. A associação destas variáveis tornam-se ferramentas úteis  nas unidades de emergência para uma compreensão global de um paciente portador de doença cerebrovascular.

Em 2001, Hemphill idealizou a escala "ICH Score" que associa variáveis clínicas e tomográficas. Esta escala apresenta acurácia na determinação da mortalidade como do bom prognóstico funcional. Foi a escala que apresentou o maior número de validações externas, inclusive no Brasil.

Por não respeitar territórios vasculares determinados e apresentar efeito expansivo, o AVCH ocasiona alterações cognitivas, diminuição do nível de consciência, além déficits motores, sensitivos, visuais, auditivos... A escala de coma de Glasgow avalia adequadamente o nível de consciência, mas não é capaz de identificar as alterações cognitivas como o NIHSS o faz. O déficit motor está associado a dependência funcional, portanto a lesão da via piramidal identificada em todo o seu trajeto por tractografia é uma variável a ser considerada nas escalas AVCH.

Por ser simples e de fácil aplicação o "ICH Score" é a escala mais utilizada, porém ainda não é uma unanimidade entre os especialistas das doenças cerebrovasculares.  


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Hipóxia: Classificação de Siggard Andersen




No traumatismo cranioencefálico lesões secundárias ocasionadas por hipóxia pioram a morbidade e mortalidade.  Prevenir os vários tipos de hipóxia (Siggaard Andersen) torna-se um desafio a beira do leito, necessitando intervenções múltiplas e integradas tendo com principal objetivo a neuroproteção.

Alterações clínicas que cursem com redução da pressão arterial média ou aumento da pressão intracraniana e consequentemente redução da pressão de perfusão cerebral podem ocasionar hipóxia. Pacientes com PPC < 60 mm Hg apresentam 50% de eventos de hipóxia, pacientes com 60 < PPC < 70 mm Hg apresentam 25% de eventos de hipóxia e pacientes com PPC > 70 mm Hg  apresentam 10% de eventos de hipóxia.

Quadros clínicos como a síndrome da resposta inflamatória sistêmica e sepse (hipóxia por shunt); edema cerebral (hipóxia por disperfusão), crise convulsiva e hipertermia (hipóxia hipermetabólica) também geram hipóxia  cujo tratamento reside no tratamento da causa base.

Alterações no transporte de oxigênio seja pela baixa oferta de O2, pela baixa quantidade de hemoglobina ou pelo desvio da curva de dissociação da hemoglobina também geram hipóxia.

Portanto, monitorar a oxigenação tecidual cerebral é de suma importância no paciente neurocrítico, pois o mesmo está vulnerável a estas alterações que podem comprometer o prognóstico final.

sábado, 4 de agosto de 2012

Derivação Ventricular Externa versus Infecção

A utilização da derivação ventricular externa é um método essencial para o tratamento de distúrbios de fluxo liquórico seja por infecção ou por hemorragia intraventricular. 
Trata-se de um reservatório cuja função é drenar o aumento relativo ou absoluto de líquor devido ao aumento da produção ou da diminuição de absorção. Sua utilização é fundamental no tratamento de algumas patologias, porém o risco de infecção relacionado ao seu uso apresenta uma grande variação na literatura (0-45%). Dentre os fatores de risco, o tempo de utilização parece  influenciar significativamente.

A maioria dos estudos estabelecem um maior risco de infecção até 10 dias do implante do cateter, evidenciando que ocorre um aumento na taxa de infecção a partir do 4º dia mas que permanence relativamente constante com o uso prolongado do cateter. Ou seja, não há uma relação linear entre infecção e tempo de implante de cateter.



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Evolução Histórica das Escalas de Hemorragia Subaracnóidea




A Hemorragia Subaracnóide produz um espectro de características  clínicas. Isto inclui cefaléia; fotofobia; naúsea e vômito; rigidez de nuca;  diminuição do nível de consciência  e vários déficits neurológicos focais.

Estas características, em conjunto, são utilizadas para avaliar a  condição clínica do paciente e para monitorizar a taxa de recuperação.

Vários métodos foram criados para graduar a condição do paciente após a hemorragia. Tipicamente, um sistema consiste num variado número de níveis cada qual definido pela presença de certas características.

Estima-se  que pelo menos 30 escalas foram criadas para graduar a hemorragia subaracnóidea, sendo que rotineiramente surgem outras na literatura. No momento, as mais utilizadas na literatura científica são a de  Hunt-Hess (71%) e a da World Federation (19%), ocupando as  demais apenas 10% das publicações científicas.

No momento, nenhuma escala HSA alcançou aceitação universal. Embora a escala de Glasgow tenha obtido largo alcance como sistema para graduar a HSA, há 38 anos desde que foi proposta, continua a busca por um sistema ideal para graduar HSA.

A resposta a esta busca deve ser a inacurácia inerente a avaliação clínica dos pacientes com HSA que podem estar sedados ou  inacessíveis porque a condição clínica parece pior do que ela realmente seja, ou porque a partir de uma determinada graduação o paciente deteriora irreversivelmente por alguma razão.